A fama de Jesus se espalhava rapidamente por toda a Galileia, e multidões o seguiam, sedentas por ouvir seus ensinamentos e presenciar os sinais que realizava. Por onde passava, pregava o arrependimento e anunciava:
— “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos Céus” (Mateus 4:17; Marcos 1:15).
Certo dia, ao ver a grande multidão que o seguia, Jesus subiu a um monte, assentou-se, e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu sua boca e ensinou, proferindo o mais conhecido e sublime de seus discursos — o Sermão da Montanha (Mateus 5-7).
Ele começou declarando bem-aventurados os humildes de espírito, os que choram, os mansos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores e os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus (Mateus 5:1-12).
Jesus ensinou que seus seguidores deveriam ser o sal da terra e a luz do mundo, vivendo de forma que suas boas obras glorificassem ao Pai que está nos céus (Mateus 5:13-16).
Corrigindo interpretações equivocadas da Lei, afirmou:
— “Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir” (Mateus 5:17)
Aprofundou temas como o homicídio, o adultério, o juramento, o amor aos inimigos e a prática da justiça, revelando que o Reino de Deus exige pureza não só externa, mas também interior (Mateus 5:17-48).
No mesmo sermão, ensinou a orar, apresentando a oração modelo conhecida como Pai Nosso, e advertiu sobre a prática do jejum, da esmola e sobre não acumular tesouros na terra, mas no céu (Mateus 6:1-34).
Também exortou:
— “Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas” (Mateus 6:33)
E alertou contra o julgamento hipócrita, conclamando a todos a andar pelo caminho estreito que conduz à vida (Mateus 7:1-14).
Ao concluir, disse:
— “Todo aquele que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha” (Mateus 7:24-27).
Descendo do monte, Jesus continuou sua jornada realizando inúmeros milagres, que confirmavam sua autoridade divina.
Ele curou um leproso que, prostrando-se, disse:
— “Senhor, se quiseres, podes purificar-me.”
Jesus respondeu:
— “Quero, sê limpo!” (Mateus 8:2-3; Marcos 1:40-42; Lucas 5:12-13).
Logo após, em Cafarnaum, curou o servo de um centurião romano, que expressou fé extraordinária, dizendo:
— “Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu servo será curado” (Mateus 8:5-8; Lucas 7:1-7)
Admirado, Jesus afirmou:
— “Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé” (Mateus 8:10; Lucas 7:9).
Jesus também curou a sogra de Pedro, que estava com febre, e, ao entardecer, muitos enfermos e endemoninhados foram trazidos a ele, e todos foram curados (Mateus 8:14-17; Marcos 1:29-34; Lucas 4:38-41).
Por toda parte, Jesus anunciava o Reino de Deus, expulsava demônios, acalmava tempestades e operava maravilhas. Certa vez, atravessando o mar da Galileia com seus discípulos, levantou-se uma grande tempestade. Cheio de temor, eles o despertaram, dizendo:
— “Senhor, salva-nos, perecemos!”
Então Jesus repreendeu os ventos e o mar, e fez-se grande bonança. E os homens, maravilhados, diziam:
— “Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?” (Mateus 8:23-27; Marcos 4:35-41; Lucas 8:22-25).
Ao chegar à terra dos gadarenos (ou gerasenos), libertou dois homens possuídos por legiões de demônios, que viviam entre os sepulcros. Ao serem libertos, os demônios pediram para entrar numa manada de porcos, que logo se precipitaram no mar e morreram (Mateus 8:28-32; Marcos 5:1-13; Lucas 8:26-33).
De volta à sua cidade (Cafarnaum), trouxeram-lhe um paralítico deitado num leito. Vendo a fé deles, Jesus disse ao paralítico:
— “Tem bom ânimo, filho, estão perdoados os teus pecados.”
Diante da crítica dos escribas, que o acusavam de blasfêmia, respondeu:
— “Para que saibais que o Filho do Homem tem na terra autoridade para perdoar pecados — levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.”
E o homem se levantou, glorificando a Deus (Mateus 9:2-8; Marcos 2:1-12; Lucas 5:17-26).
Jesus também chamou Mateus, o publicano, para segui-lo, e este, imediatamente, deixou tudo e o seguiu (Mateus 9:9; Marcos 2:13-14; Lucas 5:27-28). Mais discípulos foram sendo chamados, e, dentre eles, Jesus escolheu doze para serem seus apóstolos, os quais enviaria a pregar e a curar, dando-lhes autoridade sobre espíritos imundos e enfermidades (Mateus 10:1-4; Marcos 3:13-19; Lucas 6:12-16).
Por onde andava, Jesus ensinava em parábolas, revelando os mistérios do Reino de Deus. Falou sobre o semeador, o joio e o trigo, o grão de mostarda, o fermento, o tesouro escondido, a pérola de grande valor e a rede lançada ao mar (Mateus 13:1-58; Marcos 4:1-34; Lucas 8:4-18). As parábolas traziam verdades espirituais profundas, acessíveis aos humildes de coração, mas ocultas aos que endureciam seus corações.
Seus milagres não cessavam. Curou uma mulher que sofria de hemorragia havia doze anos e, logo em seguida, ressuscitou a filha de Jairo, dizendo:
— “Talita cumi”, que significa: “Menina, eu te digo, levanta-te” (Marcos 5:25-43; Mateus 9:18-26; Lucas 8:40-56).
Alimentou uma multidão de cinco mil homens, além de mulheres e crianças, com apenas cinco pães e dois peixes, e, após todos se saciarem, ainda recolheram doze cestos cheios (Mateus 14:13-21; Marcos 6:30-44; Lucas 9:10-17; João 6:1-14).
Na mesma noite, Jesus foi ao encontro dos discípulos andando sobre as águas, e, ao verem-no, pensaram que fosse um fantasma, mas ele lhes disse:
— “Tende bom ânimo; sou eu, não temais” (Mateus 14:22-27; Marcos 6:45-50; João 6:15-21)
Pedro, ousadamente, pediu para ir até ele, e, enquanto manteve os olhos em Jesus, também andou sobre as águas; mas, ao temer o vento, começou a afundar e clamou:
— “Senhor, salva-me!”
E imediatamente Jesus o segurou (Mateus 14:28-31).
Por toda a Galileia e regiões vizinhas, Jesus prosseguia curando enfermos, libertando oprimidos e anunciando o Reino de Deus. Seus ensinamentos confrontavam os religiosos hipócritas, e sua compaixão alcançava os rejeitados, os pobres, os pecadores e os aflitos. Seu ministério estava transformando vidas e abalando as estruturas da religião e da sociedade.