À medida que o ministério de Jesus avançava, seus milagres se tornavam cada vez mais notórios, e seus discursos mais profundos e reveladores. Por onde andava, multidões o seguiam, atraídas tanto pelos sinais que realizava quanto pelas palavras cheias de graça e autoridade que saíam de seus lábios (Mateus 7:28-29; Marcos 1:28; Lucas 4:32; João 6:2).
Certa ocasião, ao entrar em Cafarnaum, aproximaram-se dele alguns servos de um centurião romano, intercedendo por seu servo que estava gravemente enfermo, à beira da morte. O centurião, demonstrando grande fé, enviou dizer:
— “Senhor, não te incomodes, porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado. Mas dize uma palavra, e o meu servo será curado.”
Admirado, Jesus declarou:
— “Nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.”
E, ao voltarem para casa, encontraram o servo completamente curado (Mateus 8:5-13; Lucas 7:1-10).
Logo depois, indo até uma cidade chamada Naim, Jesus deparou-se com um cortejo fúnebre. Era o filho único de uma viúva, e uma grande multidão acompanhava aquele funeral. Movido de íntima compaixão, Jesus se aproximou, tocou o esquife e disse:
— “Jovem, a ti te digo: levanta-te.”
E o jovem ressuscitou, sentou-se e começou a falar, sendo entregue vivo à sua mãe. Todos ficaram tomados de temor e glorificavam a Deus, dizendo:
— “Um grande profeta se levantou entre nós, e Deus visitou o seu povo” (Lucas 7:11-17).
Enquanto isso, João Batista, que estava preso, enviou alguns de seus discípulos para perguntarem a Jesus:
— “És tu aquele que havia de vir, ou devemos esperar outro?”
Jesus respondeu:
— “Ide e anunciai a João o que vistes e ouvistes: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho. E bem-aventurado é aquele que em mim não se escandalizar” (Mateus 11:2-6; Lucas 7:18-23).
Jesus então proferiu discursos profundos sobre João, sobre as cidades impenitentes e sobre o descanso da alma. Declarou:
— “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas” (Mateus 11:28-29).
Ao continuar seus ensinos, entrou em uma sinagoga, onde encontrou um homem com uma das mãos ressequida. Sabendo que os fariseus o observavam para acusá-lo caso curasse no sábado, Jesus os confrontou, perguntando:
— “É lícito, nos sábados, fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou matá-la?”
E, olhando para todos com indignação e tristeza pela dureza de seus corações, disse ao homem:
— “Estende a tua mão.”
Ele a estendeu, e ela foi restaurada, ficando sã como a outra (Mateus 12:9-13; Marcos 3:1-5; Lucas 6:6-10).
Diante da crescente oposição dos líderes religiosos, Jesus retirou-se para as margens do mar, e grandes multidões o seguiram de todas as regiões — da Galileia, da Judeia, de Jerusalém, da Idumeia, do além-Jordão e das regiões de Tiro e Sidom (Marcos 3:7-8).
Foi então que Jesus, subindo a um monte, passou a noite em oração, e, ao amanhecer, escolheu doze homens dentre seus discípulos, os quais chamou de apóstolos, para estarem com ele, serem ensinados e enviados a pregar, com autoridade para curar enfermidades e expulsar demônios (Marcos 3:13-15; Lucas 6:12-16; Mateus 10:1-4).
Logo após a escolha dos Doze, Jesus desceu com eles e, em uma planície, cercado por uma grande multidão, proferiu o Sermão das Bem-Aventuranças, ensinando sobre o amor aos inimigos, a misericórdia, o perdão e a prática do bem, revelando os princípios do Reino de Deus (Lucas 6:17-49; ver também Mateus 5–7 para a versão mais extensa do Sermão da Montanha, que contém princípios semelhantes).
Seus ensinos frequentemente vinham acompanhados de parábolas. Naquele dia, junto ao mar da Galileia, subiu a um barco para falar às multidões que estavam em pé na praia. Ali contou a Parábola do Semeador, ensinando que a Palavra de Deus é como uma semente, que produz fruto em corações bons e retos, mas que é sufocada ou roubada em corações endurecidos, superficiais ou preocupados (Mateus 13:1-23; Marcos 4:1-20; Lucas 8:4-15).
Na sequência, ensinou sobre o joio e o trigo, o grão de mostarda, o fermento, o tesouro escondido, a pérola de grande valor e a rede lançada ao mar, revelando que o Reino dos Céus cresce, às vezes de forma imperceptível, mas que, no fim, haverá separação entre justos e injustos (Mateus 13:24-50).
Após despedir as multidões, Jesus realizou mais um milagre notável. Durante a madrugada, caminhou sobre as águas em direção aos discípulos que estavam no barco, lutando contra ventos contrários. Assustados, pensaram que fosse um fantasma, mas Jesus disse:
— “Tende bom ânimo, sou eu; não temais.”
Pedro, então, pediu:
— “Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por sobre as águas.”
E, enquanto manteve os olhos em Jesus, caminhou; porém, ao reparar no vento, teve medo e começou a afundar, clamando:
— “Senhor, salva-me!”
Jesus prontamente o segurou e, ao entrarem no barco, o vento cessou (Mateus 14:25-32; Marcos 6:47-51; João 6:16-21).
No dia seguinte, em Cafarnaum, Jesus proferiu um dos discursos mais profundos e desafiadores, conhecido como o Discurso do Pão da Vida. Ele declarou:
— “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede.”
E afirmou:
— “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:35; 6:54).
Suas palavras escandalizaram muitos, que o abandonaram. Então Jesus perguntou aos doze:
— “Quereis vós também retirar-vos?”
E Simão Pedro respondeu:
— “Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna. E nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (João 6:67-69).
Os milagres continuavam. Jesus curou um homem cego de nascença, aplicando lodo sobre seus olhos e ordenando que fosse lavar-se no tanque de Siloé. E aquele homem voltou vendo, para espanto de todos (João 9:1-7).
Posteriormente, ao saber da enfermidade de Lázaro, seu amigo, em Betânia, Jesus deliberadamente permaneceu onde estava por dois dias. Ao chegar, encontrou Lázaro já sepultado há quatro dias. Marta lhe disse:
— “Senhor, se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido.”
Jesus respondeu:
— “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (João 11:25).
Diante do túmulo, ordenou que removessem a pedra, levantou os olhos aos céus e clamou:
— “Lázaro, vem para fora!”
E o que estava morto saiu, com os pés e as mãos atados em faixas e o rosto envolto num lenço (João 11:43-44). Esse milagre provocou grande comoção e, ao mesmo tempo, intensificou o plano dos líderes religiosos para dar fim à vida de Jesus.
Mesmo sob perseguição crescente, Jesus continuava a ensinar, curar e proclamar que o Reino de Deus estava próximo. Seus discursos, cada vez mais claros, revelavam sua identidade como o Messias prometido, o Filho de Deus, aquele que veio buscar e salvar o que se havia perdido (Lucas 19:10).